sábado, 29 de agosto de 2009

Doggiesitter?

Passeadores de cães aumentam, tornam-se categoria e dividem a população na Argentina

Jovens apaixonados por cães e em busca de uma alternativa de trabalho foram os primeiros a circular pelas ruas da capital da Argentina, Buenos Aires, como passeadores de cachorros. Mas, hoje, esse tipo de emprego é tão popular que se transformou em uma autêntica profissão, sem limites de idade ou formação – e levou o governo a regulamentar a atividade.

Basta uma simples olhada em qualquer bairro da capital argentina – em especial nas zonas residenciais – para avistar um passeador de cachorros conduzindo até 20 animais das mais diversas raças e tamanhos. Quase não se encontram mais cães em Buenos Aires sem que eles estejam acompanhados desses profissionais. Em muitos casos, aliás, os serviços não se limitam a um simples passeio. Há ainda alimentação, visitas ao veterinário e, por que não, uma passada no cabeleireiro e no psicólogo.

A renda dos passeadores de cachorros varia bastante – depende da raça, dos cuidados e, sobretudo, da quantidade de cães que ele se arrisque a levar simultaneamente. Se não oferecer nenhum serviço extra, um profissional com uma clientela média de 12 cachorros, pode conseguir cerca de 1,5 mil pesos (R$ 812,95) por mês, o suficiente para custear moradia, estudos ou simplesmente aumentar a renda.

A aparente facilidade do trabalho, contudo, multiplicou o número de trabalhadores e gerou, também um aumento das reclamações dos moradores da capital. Eles acham que a limpeza urbana está sendo prejudicada com a grande quantidade de cachorros presentes nos espaços públicos. Por este motivo, o governo local decidiu regulamentar a profissão e estabelecer obrigações para os passeadores, conforme explica Ivana Brunet, da Subsecretaria de Ambiente e Espaço Público da Cidade de Buenos Aires.

A regulamentção cria uma inscrição no Registro de Passeadores de Cachorros para conseguir uma identificação, reduz o número de animais que podem ser levados ao mesmo tempo – não mais de oito – e obriga os profissionais a recolher as fezes dos animais. Ao mesmo tempo, limita os lugares nos quais podem passear com os animais a parques e praças com recintos de areia.

Uma equipe de inspetores verifica o cumprimento da norma. Eles podem, inclusive, aplicar multas de até 200 pesos (R$ 108,39) e obrigar os passeadores a devolver imediatamente os cachorros aos donos caso descumpram as regras. Na prática, parece que as multas não têm tido resultado, já que não são poucos os moradores que continuam a se queixar de fezes na rua, de cachorros amarrados em espaços públicos e passeadores com mais de oito cães em áreas não permitidas.

Os trabalhadores, por sua vez, acham que as medidas não são adequadas. Eles reclamam que em toda a cidade só existe um poste com bolsas para recolher os dejetos e denunciam as más condições das áreas com areia. Estebán, 39 anos, estudou Direito, mas há oito anos se dedica a passear com cachorros “por prazer”. Embora reconheça descumprir a lei – leva até 11 cachorros –, acredita que as autoridades “utilizam a força da polícia para intimidar o trabalho, sem tomar soluções profundas”.

Apesar da polêmica, não parece que as medidas conseguirão diminuir uma atividade que promete se consolidar. Segundo o Instituto de Zoonoses Pasteur, mais de 1 milhão de cães passeiam por Buenos Aires, produzindo cerca de 70 toneladas de dejetos por dia.

Fonte: Zero Hora


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